A lagarta que não queria virar borboleta
- Paula Súnega
- 4 de jan. de 2016
- 2 min de leitura

Primavera era uma lagarta muito diferente, ao contrário das outras que queriam se alimentar logo, virar borboleta e voar, ela não queria se transformar, pois acreditava que precisava conhecer todo o chão em que rastejava antes de poder bater suas futuras asas.
Enquanto as lagartas se alimentavam apenas das folhas do abacateiro em que nasceram, Primavera fazia questão de escolher alimentos diferentes para se alimentar. Ela passeava por todos os cantos além da árvore nascente, e questionava a todos que encontrava o que eles mais gostavam de comer. Assim Primavera pode experimentar um mundo de sensações que suas colegas não se permitiram.
No momento em que as lagartas se preparavam para encasular, Primavera decidiu seguir seu caminho pelo chão, desejando sempre conhecer mais. Em seu caminho, Primavera se alimentou de folhas de amora, laranjeiras e até de rosas. Muito tempo se passou. As lagartas que haviam ficado para trás se transformaram em borboletas lindas, porém todas iguais, só podiam voar até certa altura, pois as asas não eram tão robustas e não aguentavam o vento que batia nas alturas. Primavera ainda continuava a trilhar seu caminho de experiências e descobertas. Um dia, passando no meio do mato, resolveu beber um pouco de água em um riacho, foi até a borda, abaixou-se para apreciar e se deparou com seu reflexo na margem. Nesse momento uma lágrima escorreu em seu rosto e um sorriso se abriu, ela pode ver em seu reflexo uma asa enorme, linda e colorida. Primavera havia virado uma borboleta esplêndida, pronta para alçar voos inimagináveis, pois suas asas lhe davam suporte para isso.
Primavera realmente era uma borboleta especial. Ela não precisara ficar encasulada para conseguir asas incríveis. Sua busca por conhecimentos novos a fez se transformar a cada passo dado no chão, e ela nem se deu conta de sua transformação, foi natural. Assim Primavera voou em busca do novo, o chão não lhe satisfazia mais, sentiu o vento e bateu mais forte as asas, disparou para o céu, mas sem deixar de olhar para trás uma vez que fazia questão de se lembrar de todo o caminho que havia traçado, era aquele caminho que lhe dava segurança para seguir pelos ares.
* Narrativa de autoria própria, 2015.
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