ALÉM DA LIBERDADE

Maria dos Anjos P. Rodrigues
15 de jan. de 2016
3 min de leitura

Sobre direção de Luc Besson, o filme Além da Liberdade, retrata a vida da líder Aung Son Suu Kyu, que é uma referência na luta pela redemocratização de Mianmar localizado no sudoeste da Ásia.

O atual país de Mianmar, antiga Birmânia, sofre em 1962 um golpe de estado ao qual mergulha o país em um processo de repressão, perseguições, assassinatos, inexistência de partidos políticos e sem nenhuma forma de expressão e opinião das lideranças étnicas, coagindo a participação efetiva do povo na escolha de suas lideranças.

Aung Suu, é filha de um general, herói da luta da libertação de Mianmar do império Britânico, que morre assassinado quando tenta juntar todos os representantes étnicos para construírem junto um novo governo.

Interessante ressaltar, a trajetória de Suu Kyi (Michelle Yeoh), que tem uma formação nos melhores colégios de Rangum capital de Mianmar, e depois vai para Londres (Reino Unido), onde estudou em Oxford. No período que vive fora do país, se casa com um professor britânico,Michael Aris (David Thewlis), doutor na universidade de Oxford, e tem dois filhos: Kim Aris (Jonathan Raggett) e Alexander Aris (Jonathan Woodhouse).

Com vida toda estruturada em Londres, Suu retorna para Rangum por motivo de doença da mãe no período de 1988, onde tem uma efervescência e confronto de jovens e intelectuais contra o sistema ditatorial.

Professores da Universidade e representantes do movimento procuram Suu para se juntar na luta pela democratização do país. Em um primeiro momento ela não aceita, por não ter uma trajetória política e nem almejar cargos ou funções políticas.

Com o tempo. Suu Kyi vai se encolcendo com os intelectuais e estudantes. Ela começa a participar e apoiar a luta da Liga Nacional pela Democracia, ao qual passa ser líder que agrega todos que lutam pela democracia pelo país.

Esta liderança e luta pela democracia e direitos humanos no país renderam a Suu Kyi e sua família muitas renúncias e isolamentos, pois, no período de 20 de julho de 1989 à novembro de 2010, Suu ficou em prisão domiciliar impedida de estar com sua família que vivia na Europa e das lideranças do partido e contato com o povo.

Apesar de todo o seu isolamento e envolvente e emocionante o movimento do marido Michael Aris, para que sua luta fosse reconhecida e pudesse mesmo distante garantir sua segurança, momento que se concretiza com a indicação do nome da mulher ao prêmio Nobel da Paz que é agraciada em 1991, onde tem uma divulgação maior do seu nome e a causa de Mianmar.

Uma curiosidade na produção do filme, por Mianmar viver uma das ditaduras mais fechadas do mundo, não iriam permitir uma produção cinematográfica deste porte em seu território, antes da produção o diretor e fotógrafos foram para Rangum fazer tomadas da cidade e outras regiões, os set de filmagens foram todos montados na Tailândia, onde encontra-se um grande número de refugiados do país.

Produções como está, nos faz pensar em uma série de coisas, que tentarei enumerar: a liberdade cerceada por um regime não é capaz de matar sonhos e esperanças de um mundo melhor; o quanto é possível aprender e conhecer mais da história e geografia por meio de uma produção cinematográfica; uma mulher ser o símbolo de uma luta de todo um país em uma região onde a mulher não é valorizada e o esforço de uma produção fílmica para conseguir mostrar em tela não uma história passada mais ainda atual de um povo e muitos questionamentos e reflexões possíveis transmitidos por este filme.

Portanto, um filme para apreciar, refletir, e pensar nos anseios de vida e liberdade, inerente a todo homem e mulher, ontem e hoje, no passado, presente e futuro.