UMA PONTE ENTRE O PASSADO E O PRESENTE POR MEIO DO FILME “O FÍSICO”

Maria dos Anjos P. Rodrigues
14 de jan. de 2016
2 min de leitura

O filme O Físico, sobre direção Philipp Stölzl, lançado em 2013, dá uma perspectiva histórica aos espectadores com uma excelente narrativa fílmica, do jovem Rob Cole (Tom Payne), que faz inicialmente todo um percurso autodidata para tratar pessoas doentes acompanhando um Barbeiro/Mambembe de aldeia em aldeia no período histórico da Idade Média na Inglaterra do século XI.

A película mostra a situação da Europa, a influência da Igreja e a estagnação de conhecimentos técnicos e científicos para tratamento de doenças que assolavam a Europa naquele período.

A trajetória do protagonista Rob Cole mostra bem este período histórico. Com a morte da mãe, o adolescente vai tentar reconstruir sua história.

O que chama atenção é o seu contato com médicos judeus que têm técnicas e conhecimentos específicos para tratamento de doenças que afligiam a população, no caso, eles conseguem curar o Barbeiro que criou Rob e ele fica admirado com os procedimentos empregados.

A partir deste contato os médicos judeus dizem que aprenderam a referida técnica em uma escola de medicina que ficava na Pérsia no Oriente Médio, mas na escola só estudava judeus ou mulçumanos, seguidores do cristianismo não eram aceitos.

Rob não se intimida e parte para o Oriente na busca deste conhecimento. Na Pérsia o médico que coordena esta escola é Ibn Sina (Ben Kengsley), representando o personagem histórico do século XI, que é médico, cientista e filósofo consagrado na Pérsia e conhecido no ocidente como Avicena que sistematizou obras da filosofia e ciência do século XI.

Outro pensador árabe muito conhecido no ocidente é Ibn Rushk (Averrois), faz parte dos filósofos que definem a filosofia como sabedoria e ficou conhecido pelos comentários das obras de Aristóteles.

A película suscita referências históricas relevantes, por exemplo, como o Oriente influenciou o Ocidente num período em que o continente europeu estava sob o véu do obscurantismo da idade média.

Neste contexto, como as descobertas de pensadores árabes influenciaram o desenvolvimento de várias áreas, como: medicina, astronomia, filosofia e outros.

O filme mostra como era vista a relação das pessoas com o corpo, que era considerado sagrado pelas religiões monoteístas, não se conhecia os órgãos do corpo. Quem ousava dissecar um corpo para estudos eram considerados hereges e condenados à morte.

Com uma boa produção e fotografia o filme retrata o período histórico de forma belíssima, e questiona se em vez dos conflitos que emerge do Oriente Médio e as barreiras da Europa para os refugiados, não poderiam ter um desfecho diferente na atualidade. Se estes povos fossem mais abertos para uma constante troca cultural, técnico e científico para mudar não apenas uma região específica, mas perpetuar a tolerância, convivência pacifica e a tão sonhada paz universal.